AMOR E PODER - parte 1


Onde o amor impera, não há desejo de poder; e onde o poder predomina, há falta de amor. Um é a sombra do outro. C. G. Jung

Vivemos buscando amorosidade n'outro, manifestando a própria amorosidade muitas vezes distorcidas, pois não temos clara distinção do objetivo da busca. Usamos a máscara da amorosidade para sermos aceitos e acolhidos, tentando dar de fora o acolhimento que para o adulto será satisfatório quando viver de si mesmo.
Usamos argumentos e maneiras sedutoras de conquistar o objeto de amor. Em muitos casos, após a conquista, algo perde o sentido, não conseguimos manter o amor promissor de felicidade eterna ou, estávamos exercendo alguma forma de PODER.
O poder se disfarça muito bem em alguns casos de amorosidade. Ele usa todas as ferramentas acessíveis para conquistas, e também no campo emocional. Há um ditado que diz que no amor e na guerra, todas as armas são permitidas. Bastante controverso, diga-se.
Há também a pulsão de Poder como forma de sobrevivência que usa a amorosidade para conseguir sentir-se acolhidos. Todos somos crianças que não cresceram: adultos com profissões e segurança emocional capaz de nos fazer muito poderosos... isso é tudo mentira.
O homem é arquetípicamente gregário e o relacionamento é a forma sagrada de crescimento psiquíco. Mas todo sagrado pode ser disvirtuado. Conseguimos nos adaptar, e pior, adptar na ilusão de que somos bons parceiros, sociais e nos doamos nas nossas relações. Ilusão que aumenta a frustação quando percebemos que não existe príncipe e/ou princesa possível no campo do concreto. O outro, objeto de amor e de conquista (neste caso de poder), se mostra como o não tão adequado quanto sonhamos. Não temos a consciencia de tantos relacionamentos mortos que mantemos por falta de opção, por engano, por preguiça de sair do lugar (in)cômodo e fazer a busca para dentro. Olhar para dentro provoca muita confusão, 101% das pessoas tem medo de se olhar completamente, metade destas não sabem como fazer para se conhecer. Por isso o outro serve como o espelho embaçado que aumenta a nossa ilusão de autoconhecimento. Crescer e se tornar ADULTO exige jogar as ilusões pueris fora, mas como se desfazer do que não temos consciencia? (CONTINUA)

Um comentário:

  1. Olá, professor! Um desafio a nós mesmos, sentir um amor puro, genuíno. Por mais que acredite que seja uma dádiva, penso que ele não é autônomo por si. Precisa existir uma permissão (amadurecimento) por parte de quem ama e amar implica também em renúncias: tudo tem um preço. Um investimento que envolve ganhos imensuráveis, mas existe um grande risco: a perda do poder, como vc disse. Penso que quando amamos nos tornamos vulneráveis ao outro, se não confiamos nele. O amor parece que se tornou um jogo, como nesses "reality shows". As pessoas são estrategistas, procuram planejar o plano A, o B... As coisas são condicionais, negociáveis e o sentimento predominante, é o medo. Parece que o amor se tornou a nossa maior guerra. Impossível, porque guerra e amor não coexistem. Enfim... mas, o que sei eu sobre o amor? Estou tentando aprender a amar. :)

    ResponderExcluir